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terça-feira, 3 de maio de 2011

Coluna Livrística: Sangue Quente

Sangue Quente é um livro sobre um zumbi. Muito comum hoje em dia, porém, de uma certa maneira, ele é bem diferente. A começar, que sua editora brasileira (LeYa Brasil) e o site Omelete fizeram uma parceira e aos ganhadores que tiveram a chance de assistir Pânico 4 foram também presenteados com este livro (entregue por zumbis MUITO verdadeiros). Bom começo. Outra informação curiosa é que, na aba, aonde normalmente vem as informações do autor, – que neste caso é Isaac Marion – quantos livros já escreveu, todas as faculdades que já fez, vem escrito: “ (...) trabalhou em empregos estranhos, como entregador de leitos de morte para paciente, do hospício e supervisor de visitas de pais em orfanatos. Ele não é casado, não tem filhos, não fez faculdades e nem ganhou prêmios.”

"Nenhuma história. Apenas estamos aqui. Fazemos o que temos que fazer, o tempo passa e ninguém faz nenhuma pergunta. Mas como falei antes, não é tão ruim. Pode parecer que não temos cérebro, que não pensamos, mas não é verdade."

O livro é dividido em três grandes passos e o primeiro deles é o “Querer”. É nesse capítulo que conhecemos R. R é um zumbi que, como qualquer zumbi não lembra nada da sua vida antes de morto. Só se lembra de já estar morto. Ele vive, junto com um grupo de zumbis num aeroporto no que agora é o fim do mundo. Eles vagueiam por lá, ficam resmungando, as crianças aprendem a estender os braços e gemer como zumbis, os Caçadores saem, vão em busca de Carne que não viva nos Estádios e assim vão... vivendo (ou morrendo por assim dizer). Tudo o que sobrou da humanidade (viva) está presa dentro desses Antigos Estádios, que foram reconstruídos para abrigarem centenas de pessoas e protegê-los contra a praga. Mas quando esse vírus começou? O que aconteceu com a população?

R, porém, se sente diferente da maioria. Ele não é um zumbi qualquer por simplesmente pensar. Ele fica isolado da maioria, na parte mais alta do aeroporto, tentando se lembrar de alguma coisa do passado, se adaptando à vida nova e às regras da sua nova sociedade. Sendo jovem e novo morto, ainda conserva uma aparência até humana e ele mantém uma coisa que os outros zumbis (principalmente os mais velhos, Ossudos) não: sua capacidade de sonhar.

"O universo está se somprimindo. Todas as memórias e possibilidades estão se compactando nos menores pontos enquanto o resto da sua carne sucumbe. Existir nessa singularidade, preso em um estado imutável e estático por toda a eternidade: este é o mundo dos Ossudos."

É durante uma Caçada, nas ruínas de uma cidade abandonada, quando ele e os outros mortos estão se alimentando do sangue e – eventualmente – do cérebro dos humanos encontrados, que R encontra duas coisas diferentes. Ao comer o cérebro de alguém, os zumbis tem pequenos flashs da memória da pessoa ainda viva. Ele acaba matando um adolescente e é o flash de memória mais vívido que ele experimentara até então. Nesse flash, há muitas cenas da mesma garota: Julie. Quando R volta ao seu mundo pós-apocalíptico e olha para o lado, Julie está ali, ainda viva. E viva permanece porque ele a leva consigo para o aeroporto.

"Julie olha para mim como se esperasse por mais alguma coisa e fico imaginando se consegui transmitir algo com meu solilóquio quebrado e balbuciado. Será que minhas palavras são audíveis ou são apenas um eco em minha cabeça enquanto as pessoas olham para mim e esperam?"

Sangue Quente foi lançado esse ano e será adaptado para o cinema em 2012. É um livro bem legal que intercala muito bem partes engraçadas e pensamentos profundos. Os diálogos são fáceis já que geralmente um zumbi conversando o que significa muitas reticências e palavras básicas. O que para mim, deixou a desejar no livro foi o final que OBVIAMENTE não vou falar e a curiosa e questionável aceitação de Julie para muitas situações em que qualquer ser humano ficaria, no mínimo, pasmo. Tirando isso, como primeira obra, Isaac Marion está de parabéns por fazer um zumbi parecer tão legal.


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