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terça-feira, 26 de abril de 2011

Coluna Livrística: 1984






Narrado em terceira pessoa , o livro conta a história de Winston Smith, um funcionário do Governo ditatorial da Oceania que tem como função apagar registros antigos da mídia e alterar a informação, de acordo com o interesse do Partido. Vigiado em todos os lugares, Winston se incomoda com sua vida e começa a questionar as ações do Governo, a redução do indivíduo, o forçamento da coletividade, a repressão e o medo exercidos sobre os cidadãos.

O começo – e o fim, para ele – é o dia que ele resolve comprar um bloco de papel e uma caneta (objetos clandestinos e não autorizados pelo Governo) e começa a escrever seus pensamentos, longe da vigia constante que recebe. A partir daí, ele não é meramente apenas mais um fanático pelo Partido e sim, um ser pensante.

"E quando a memória falhava, e os registros escritos eram falsificados - era forçoso aceitar a assertativa do Partido de que tinham melhorado as condições da vida humana, porque não existia, nem jamais poderia existir, qualquer padrão de comparação."

Em 1984 a sociedade se divide em três grandes classes: O Grande Irmão e o Partido Interno; o Partido Externo (do qual faz parte Winston) e a Prole, que não são considerados cidadãos. O Grande Irmão (Big Brother) é, para os cidadãos da Oceania, uma pessoa, o maior símbolo do poder e que a todos vigia. Porém, como mencionado no livro, não há histórico de ter sido visto, seu nascimento ou sua ascensão ao poder, portanto, torna-se uma figura onipotente e onipresente que nunca morrerá. Goldstein, por outro lado, é a força da resistência. Assim como o Grande Irmão, fotos e vídeos representados por um homem (sempre de modo a parecer "mau") não comprovam sua real existência. O que se sabe é que ele foi um dos grandes fundadores do Partido, mas que depois se rebelou e escreveu um livro que, apesar de proibido, ainda circula entre os contrários ao Partido.

Para garantir a manutenção do Partido, todos são vigiados por teletelas, que funcionam como televisão e câmera ao mesmo tempo; recebem notícias em relação à Guerra, ouvem testemunhos de traidores confessando seus supostos crimes e tem sua atenção chamada se não estão fazendo o exercício matinal direito, por exemplo.



Esse avanço tecnológico que propicia o controle do indivíduo é feito através da invasão total da privacidade, do domínio do pensamento e a manipulação histórica dos fatos. Mudar o passado é fácil e é a maneira mais simples de controlar os fatos presentes, mudando toda a história da humanidade. Um dos grandes exemplos disso no livro é o da Guerra. Oceania, Lestásia e Eurásia sempre estiveram em guerra e para sempre continuarão, porém o inimigo pode divergir entre um continente ou o outro. Entretanto, quando a Oceania está em guerra com a Eurásia e de repente esta se torna aliada e agora guerreiam com a Lestásia, todos os documentos, manifestos, notícias e cartazes são destruídos ou modificados para se pensar que a Lestásia sempre fora – e, portanto, sempre seria – a inimiga.

O controle do pensamento é feito através da manipulação da linguagem. A novilingua é a única língua mundial que reduz seus termos ao longo dos anos para tornar o ato de se comunicar o mais simples possível. Nela, sinônimos e antônimos são retirados e palavras são anexadas juntas como duplipensar (duplo pensamento) e impessoa (pessoa que não existe mais). Dicionários são criados de tempos em tempos e a nova linguagem é assimilada imediatamente, ocorrendo um ‘emburrecimento’ por parte do cidadão, através desse condicionamento.

O membro do Partido vive, do berço à cova, sob os olhos da Polícia do Pensamento. Mesmo quando está sozinho jamais pode ter certeza do seu isolamento. Onde quer que esteja, dormindo ou acordado, trabalhando ou descansando, no banho ou na cama, pode ser examinado sem aviso e sem saber que o examinam. Nada do que ele faz é indiferente.”



1984 tem tanto significado que é até difícil saber por onde começar. É, com certeza, um livro atemporal pois fala principalmente da manipulação do seres humanos uns sobre os outros. Publicado em 1949, retrata o futuro, homônimo ao título mas que serve muito bem para a sociedade do presente. Menciona a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, baseando-se nos regimes totalitários e repressivos de alguns anos antes. Com seus personagens vivendo dependentes do Governo em todos os sentidos (notícias, vestuário, alimentação, trabalho etc etc), existe uma relação com o idealismo socialista. Porém, ao contrário do que muitos pensam, o livro não é um ataque ao socialismo e sim ao fascismo. Na verdade, um outro livro de Orwell critica sim o Stalinismo, que tinha como objetivo apagar todas as fotos e menções a Trótsky, quando houve a disputa para saber quem substituiria Lênin após sua morte, chamado A Revolução dos Bichos. A semelhança é tão grande com a realidade que a situação da Alemanha Oriental no período da Guerra Fria, além da situação do Brasil ditatorial (com a perseguição aos comunistas) se equiparam com a do livro.

Guerra é Paz,
Liberdade é Escravidão,
Ignorância é Força.”

SUPER HIPER MEGA SPOILER ALERT DO NOT ENTER (selecione para ler):
O'Brien revela-se o grande antagonista da história, pois passou-se por agente duplo para fazer da traição de Winston de irreal e apenas em sua consciência para um ato consumido. Após ele e Júlia serem presos - fato que Winston já previra - a narrativa assume outro âmbito. Eles são levados para o Ministério do Amor, lugar onde ocorrem todas as torturas e falsas confissões. O'Brien assume a longa tortura de Winston, que só realmente termina na sala 101, a pior dentre todas as salas. Winston só é liberado, não depois de todos os castigos (físicos e psicológicos) e lavagem cerebral, mas sim depois que entrega Júlia, ao indicá-la a ser torturada em seu lugar, tendo prometido que seria a única coisa que não faria. É ali que o Partido, que assume este feito ganha, com o intuito de fazer não apenas o condenado se arrepender de seus atos (e pensamentos), como de tirar a ideia de dentro dele. ALERT SPOILER OFF

As teorias que circundam 1984 são muitas e até hoje são discuti das entre leitores, fãs e entendedores. Porém, falar sobre todas é impossível. Este livro tem como principal característica o fato de nunca deixar a pessoa que leu do mesmo modo que começou. O poder exercido pelo Grande Irmão, do Estado Absoluto é assustador e, infelizmente, possível. Então, como identificar a manipulação existente na sociedade de hoje, que não é aberta como a do livro, mas tão real quanto?

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Para ler o post feito pelo Artie sobre o filme, clique aqui.

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