Coluna Livrística: A Guerra dos Tronos

“A Guerra dos Tronos é a mais importante obra de fantasia desde que Bilbo encontrou o anel.”

SF Reviews

Pode parecer exagero, puxa-saquismo ou hiperbolismo. A verdade é que, mais de cinquenta anos depois de ter sido lançado O Senhor dos Anéis de Tolkien, Guerra dos Tronos ser digno dessa comparação não é simples coincidência. George R. R. Martin teve a sutileza de escrever uma obra fantasiosa sem florações, com uma abrangência incrível de descrições e personagens. Não tenho o costume de criticar obras com mais de um volume, já que o primeiro livro ser bom não indica que os próximos também serão, mas Guerra dos Tronos é exceção.

O livro um, As Crônicas de Gelo e Fogo conta a história dos Sete Reinos , do longo Verão – que pode durar décadas - e da chegada do longo Inverno, que dura uma vida toda. A história gira em torno da família do lorde Eddard Stark, morador do castelo de Winterfell, ao Norte. Stark aceita a prestigiada posição no Reino de ser Mão do Rei, virando o principal conselheiro do seu antigo amigo, Robert Baratheon. Deixando sua esposa e dois dos seus filhos, Ned parte para o Norte não apenas para atender ao pedido do Rei mas também para investigar a morte do antigo conselheiro real, Jon Arryn, supostamente morto pela família da Rainha, os Lannister.

Além de seguir essa linha, o livro um também segue outras duas: ao Leste, com os irmãos Viserys e Daenerys, filhos do antigo Rei Aerys II subjugado e usurpado por Robert. Viserys se considera verdadeiro herdeiro do trono e mantém sede de vingança pelo Reinado. Crente do “Despertar do Dragão” – quando milhares de homens se reunirão ao seu exército para tomar o lugar que lhe pertence – ele casa Dany, com seus treze anos, com o senhor de guerra, Khal Drogo.

A outra é n’A Muralha, lugar para onde o filho bastardo de Eddard, Jon Snow, foi se juntar a Patrulha da Noite. Apesar de morar no reinado de Winterfell, ter os mesmos privilégios dos irmãos, Jon não se sente como membro da família, principalmente por Catelyn Stark – senhora de Eddard – odiá-lo. Jon junta-se ao seu tio e é ao pé da Grande Muralha que ele descobre os Outros, sujeitos “sem lei” muito mais temidos no longo Inverno, além de todos os outros perigos da Floresta Assombrada.

É no Sul e como Mão do Rei que Eddard descobre que está em grande perigo quando começa a investigar mais a fundo os mistérios que rondam, não somente o Sul, como o Norte, onde sua mulher mantém prisioneiro um dos irmãos de Cersei Lannister, o anão Tyrion Lannister. Aliás, Tyrion e Daenerys são os únicos que tem ponto de vista no livro, sendo que os outros são todos pertencentes à família Stark. (O livro é dividido através do ponto de vista de cada um.)

Talvez seja a mudança na hora certa de capítulos, ou a rede intrigante de histórias que vão se encaixando com destreza, ou os próprios personagens, principais ou secundários, talvez seja tudo que faça desse livro ter uma sacada tão boa. A história é, até certo ponto, atual e os personagens são reais; não são livres de mal e pecados, assim como, sob o olhar de outra pessoa, não são cruéis. Em uma pequena comparação com o Senhor dos Anéis, com suas longas descrições sobre paisagens, gramados, plantas, As Crônicas de Gelo e Fogo ganha por se focar nas descrições mais, diga-se assim, cinematográficas. Talvez uma coisa que possa confundir é a quantidade IMENSA de personagens, importantes ou não, porém sempre citados. Às vezes tem-se que voltar alguns capítulos para associar o personagem no contexto certo. Nada que estrague essa conquistadora história.

Guerra dos Tronos foi indicado e ganhou diversas premiações. Foi transformado este ano em uma série na HBO (que prometeu fidelidade máxima ao livro) e está previsto para ter sete épicos volumes.

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