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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Meia-Noite em Paris - Crítica

“Nostalgia é negação.”


Começar a analisar um filme de Woody Allen é algo trabalhoso. Todo filme do diretor segue um estilo único, com diversas informações e aquele humor sutil, não para agradar a milhões, mas sim para pegar os mais atentos. Meia-Noite em Paris não foge a regra.

Gil (Owen Wilson) é um roteirista de Hollywood que resolveu passar um tempo em Paris com sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e a família dela. Tentando fugir um pouco dos roteiros tão burocráticos dos Estados Unidos, Gil tenta escrever um romance, algo novo. E as suas andadas por Paris depois do sol se pôr começam a contribuir para isso. De uma maneira um tanto quanto mágica.

Allen entrega uma comédia numa Paris que é idealizada e amada pelo personagem de Wilson. E até mesmo pelo diretor. O início do filme é tomado por imagens e cenas da Paris numa manhã, caminhando pelo meio dia, chegando numa tarde chuvosa e terminando numa Paris de noite, com a Torre Eiffel no canto da tela. E o amor pela cidade-luz continua ao longo de todo o filme, sempre com os planos com cores claras, quase douradas, mostrando o quanto aquela cidade ostenta algo magnifico e aconchegante. Tanto é que isso acaba transparecendo pelo gosto de Gil pelo lugar.


Woody Allen se utiliza de um artifício de câmera para demonstrar como anda o noivado dos personagens de Owen Wilson e Rachel McAdams. Sempre à esquerda em tela, Gil sempre perde para a noiva, ele nunca tem força para conseguir debater com ela. E ao longo do filme, a situação se inverte, com o personagem ficando à direita, ganhando atenção.

O grande destaque da trama fica, justamente, quando ela ocorre depois da meia-noite. Quando Gil é pego por um carro e inexplicavelmente chega num local, a trama começa a ganhar contornos e uma graça rebuscada. As situações inusitadas e os diálogos sutis, ainda assim engraçados, com os personagens que surgem depois das doze badaladas ganham o destaque e porque não, o filme. Prefiro não comentar aqui quem são e o porquê da graça para não estragar a surpresa. Mas todas as situações não são explicadas e cabe ao espectador já ter bagagem cultural para entender quem eles são. Há menções e o surgimento de diversos personagens, e não conhecer nenhum ou só alguns pode tornar o filme um pouco confuso e um pouco entediante.


Owen Wilson não atrapalha e consegue entregar um de seus melhores personagens. Acostumado com papeis pastelões, o ator consegue interpretar um Gil deslocado com o novo, mas alguns de seus trejeitos persistem em tela, principalmente em momentos com sua cara de abobalhado. Marion Cotillard é uma personagem digna de uma Paris dos anos 20, com toda sua beleza e inocência em tela. O resto do elenco, coadjuvante aos dois, não são deixados de lado. Não há um desenvolvimento de nenhum (com uma rápida exceção de Paul, um amigo de Inez, um pseudointelectual, que é ligeiramente apresentado), mas ainda assim o interesse por eles se mostra grande quando os personagens já são interessantes.

Com uma trilha sonora bem conduzida, Meia-Noite em Paris se mostra uma agradável surpresa. Uma comédia leve e descompromissada, com uma história com toques de ficção científica e um romance crível e apaixonante. E uma mensagem que fica ecoando ao final do filme: o eterno descontentamento das gerações com suas épocas. Sempre o glamour e a história do passado se mostram mais interessantes.


“Gil Pender of Pasadena.”


Midnight in Paris, Comédia, EUA/Espanha 2011. Direção: Woody Allen. Elenco: Owen Wilson, Marion Cottilard, Rachel McAdams, Carla Bruni-Sarkozy, Michael Sheen, Nina Arianda, Tom Hiddleston, Alison Pill, Kurt Fuller, Kathy Bates, Corey Stoll, Sonnua Rolland, Adrien Brody, Tom Cordier, Adrien de Van, Oliver Rabourdin, Léa Seydoux, Victor Menjou. 

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