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terça-feira, 22 de março de 2011

Coluna Livrística: Castelo de Vidro


"Eu ouvia as pessoas em volta de nós cochichando coisas sobre o bêbado maluco e os pestinhas dos seus filhos sujos, mas quem ligava para o que pensavam? Nenhum deles jamais teve a mão lambida por um guepardo."

Jeannette Walls estava dentro de um táxi, com uma roupa chique de festa, presa no engarrafamento de Nova York quando, ao olhar pela janela, viu sua mãe remexendo no fundo de um latão de lixo. Ela, assim como milhões em todo o mundo, era uma sem teto, vivendo às custas da compaixão alheia e da sua experiência na vida.
Apesar de ser uma autobiografia E uma história de superação, Jeannete Walls relata sem pena de si mesma, toda a sua trajetória desde criança até virar uma jornalista reconhecida. Aliás, em nenhum momento ela se põe como vítima, muito pelo contrário, ela mostra o orgulho de ter conseguido, através dos tortuosos caminhos que seus pais escolheram, se tornar alguém bem sucedido. Assim, convencida pela mãe a contar a verdade sobre sua origem, Jeannete escreveu O Castelo de Vidro, que acabou virando um best-seller.

" - Tá vendo? Pois então. É disso que estou falando. Você fica envergonhada à toa. O seu pai e eu somos o que somos. Você tem que aceitar.
- E o que devo dizer aos outros sobre os meus pais?
- Diga a verdade. - respondeu. - A mais simples verdade..."

O personagem principal, talvez, da história é seu pai, Rex Walls. Não escondendo desde o início o fato de ser sua favorita ou da sua admiração por ele, ainda assim, a autora mostra, pouco a pouco (quando, na narrativa, vai ficando mais velha e mais consciente), a verdadeira face do pai: inescrupuloso, alcóolatra, mentiroso e teimoso. Rex não vive amarrado às regras da sociedade e recusa-se a ser uma pessoa comum, levando sua filosofia de vida (e sua família) até os extremos. Sua mãe, Rose Mary, é formada para ser professora, mas sua ambição é ser artista e viver da arte. Jeannete é a filha do meio de três irmãos: a mais velha Lori e o mais novo, Brian.

A família, por ser nômade, o pai não fixar emprego e a mãe recusar-se a trabalhar, vivia passando apertos, trocando de cidade, carro e casa com uma frequência desconcertante. Eram obrigados a se virar para não morrer, seja de frio ou de fome. As crianças mudavam de escola quase mensalmente e tinham que revirar o lixo da cantina à procura de sobras dos colegas.

Apesar de tudo isso, os três tem boas lembranças de sua infância e o rumo que sua vida teve até chegar a Welch, cidade mineradora decadente, que virou residência fixa da família, até mudarem-se para Nova York, cada qual em seu tempo e por motivos individuais.

"Perguntei-me se ele tinha esperança de que a sua filha predileta voltasse ou se desejava que ela, diferentemente dele, se desse bem na vida."

É revoltante, de início, pensar que pais criem filhos para viver dessa maneira. Mas, ao se aprofundar na história, você acaba percebendo que essas crianças, que viveram tão precariamente até a sua adolescência, cresceram e se tornaram adultos determinados e independentes exatamente por isso.

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